O Projeto
"Cenas Infantis" tem como objetivo resgatar a criança que cada um traz dentro de si e aproximar a infância singela e livre que tive, da infância dos dias de hoje, onde as crianças recebem uma enorme carga de informações nem sempre positivas, encurtando a fase mais iluminada de nossas vidas, Cenas Infantis fala de uma saudade que não é só minha, mas sim de cada um que passa e se emociona ao ver retratado em cada obra um pouco de sua própria estória. Ao lado de minha arte, converso com o espectador, trocamos emoções e resgatamos valores."
Palavras da artista
"Nasci no interior de S.Paulo em uma cidadezinha chamada Monte Mór onde na terra vermelha que desconhecia asfalto, desenhei minhas primeiras amarelinhas.Na beira dos riachos acompanhava minha mãe e outras mães que lavando roupas, entoavam cantigas que tenho ainda frescas em minha memória. Ali, meu primeiro contato com o barro.
Cresci assim, menina livre, arteira e artista, sempre acreditando no dom que o Criador havia me emprestado... sempre tentando através da arte passar uma mensagem capaz de alcançar o coração do homem.
Sei bem de minhas recordações de quando criança; tardes fagueiras trepando em frondosas árvores, saboreando a fruta no tempo certo na companhia do menino que astro de seu quintal, rodava o pião em manhãs ensolaradas e vida aberta em risos... fico a me perguntar quais serão as recordações das nossas crianças daqui a alguns anos... Horas em frente a um computador, passeios em shopping, jogos de vídeo-game, namoro pela Internet, aula de ballet, inglês, francês... com tantos compromissos assim fica difícil sobrar um tempo para ser criança.
Em “Cenas Infantis” procuro despertar os profissionais na área da educação, os arte-educadores, assim como as escolas onde nossos filhos passam a maior parte do tempo, para a necessidade de se criar uma disciplina voltada á cultura popular brasileira contemplando o resgate dos jogos populares que, antigamente, eram jogados sem a competitividade imposta aos de hoje em dia.Resgatar as doces cirandas, cantigas de roda, a amarelinha ainda desenhada no chão e tantas outras brincadeiras que pouco a pouco vem sendo engolidas pela tecnologia avassaladora e encurtando ainda mais a fase mais iluminada de nossas vidas.
'Cenas Infantis' é com certeza um manifesto á infância. "
Sandra Guinle
Infâncias
quarta-feira, 22 de julho de 2009
Letramento
Magda Becker Soares
Letrar é mais que alfabetizar,é ensinar a ler e escrever dentro de um contexto onde a escrita e a leitura tenham sentido e façam parte da vida do aluno. Magda Becker Soares, professora titular da Faculdade de Educação da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e doutora em educação, explica que ao olharmos historicamente para as últimas décadas, poderemos observar que o termo alfabetização, sempre entendido de uma forma restrita como aprendizagem do sistema da escrita, foi ampliado. Já não basta aprender a ler e escrever, é necessário mais que isso para ir além da alfabetização funcional (denominação dada às pessoas que foram alfabetizadas, mas não sabem fazer uso da leitura e da escrita). O sentido ampliado da alfabetização, o letramento, de acordo com Magda, designa práticas de leitura e escrita. A entrada da pessoa no mundo da escrita se dá pela aprendizagem de toda a complexa tecnologia envolvida no aprendizado do ato de ler e escrever. Além disso, o aluno precisa saber fazer uso e envolver-se nas atividades de leitura e escrita. Ou seja, para entrar nesse universo do letramento, ele precisa apropriar-se do hábito de buscar um jornal para ler, de freqüentar revistarias, livrarias, e com esse convívio efetivo com a leitura,apropriar-se do sistema de escrita. Afinal, a professora defende que, para a adaptação adequada ao ato de er e escrever, “é preciso compreender, inserirse, avaliar, apreciar a escrita e a leitura”. O letramento compreende tanto a apropriação das técnicas para a alfabetização quanto esse aspecto de convívio e hábito de utilização da leitura e da escrita.
Publicado no jornal Diário do Grande ABC em 29 de agosto de 2003
Letrar é mais que alfabetizar,é ensinar a ler e escrever dentro de um contexto onde a escrita e a leitura tenham sentido e façam parte da vida do aluno. Magda Becker Soares, professora titular da Faculdade de Educação da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e doutora em educação, explica que ao olharmos historicamente para as últimas décadas, poderemos observar que o termo alfabetização, sempre entendido de uma forma restrita como aprendizagem do sistema da escrita, foi ampliado. Já não basta aprender a ler e escrever, é necessário mais que isso para ir além da alfabetização funcional (denominação dada às pessoas que foram alfabetizadas, mas não sabem fazer uso da leitura e da escrita). O sentido ampliado da alfabetização, o letramento, de acordo com Magda, designa práticas de leitura e escrita. A entrada da pessoa no mundo da escrita se dá pela aprendizagem de toda a complexa tecnologia envolvida no aprendizado do ato de ler e escrever. Além disso, o aluno precisa saber fazer uso e envolver-se nas atividades de leitura e escrita. Ou seja, para entrar nesse universo do letramento, ele precisa apropriar-se do hábito de buscar um jornal para ler, de freqüentar revistarias, livrarias, e com esse convívio efetivo com a leitura,apropriar-se do sistema de escrita. Afinal, a professora defende que, para a adaptação adequada ao ato de er e escrever, “é preciso compreender, inserirse, avaliar, apreciar a escrita e a leitura”. O letramento compreende tanto a apropriação das técnicas para a alfabetização quanto esse aspecto de convívio e hábito de utilização da leitura e da escrita.
Publicado no jornal Diário do Grande ABC em 29 de agosto de 2003
domingo, 15 de março de 2009
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
As Infâncias e os adultos que as assistem
"As infâncias são concebidas em diversas realidades, e, portanto não enquadram-se em polaridades binárias, as boas e as más, ricas e pobres, repetidoras de palavras obscenas ou queridas e educadas!...esses são os repertórios que as crianças nos trazem e nos mostram: olha a forma como eu brinco, falo e me expresso relata o que eu sei da vida !!!
Repertórios são a bagagem emocional, cognitiva e neuronal que cada criança demonstra nas suas falas,birras,brigas, gestos,respostas,produções e brincadeiras.E, como nos ensina Wallon o desenvolvimento não é linear,
é descontínuo e novas estruturas podem estarem sendo elaboradas internamente a partir de regressões, avanços, tudo é o processo de desen- volvimento. A criança é essa complexidade e a sua infância faz parte de um contexto psicológico,cultural e social onde ela está inserida.Suas ações advém deste contexto,por isso que a sala de aula é rica de possibilidades porque podemos criar nela um ambiente baseado em regras justas,encantador e desafiador para um grupo de crianças,ensina-se posturas de respeito e ética frente às situações e dá-se suporte para criança funcionar assim, é autorizar às crianças proclamar-se seus gostos, conhecimentos,medos, seus sentimentos.
É na relação que o ser humano aprende e amplia seus repertórios como nos diz Vigotsky, a riqueza das interações depende do ambiente e do que está sendo vivido, por isso planejar para crianças sempre têm que envolver registros que eles participem,desenhem,componham juntos. Os adultos que assistem as crianças devem ouvir: Olha o que eu sei da vida até agora é isso,mas posso aprender mais!É claro que alguns casos precisarão de acompanhamentos, seja da fonoaudiologia,psicologia,psiquiatria,mas a riqueza das interações em sala favorece muito o processo de cura e desaparecimento de sintomas que não são comprometedores.Assim como uma relação próxima a essas famílias,favorece a qualidade dos vínculos, reuniões com o serviço de pedagogia da Escola ao invés de continuadas queixas são posturas essenciais.
É claro que alguma família precisará de uma ajuda terapeutica para assumir determinadas posturas com a criança, porém essa proximidade com a Escola estabelece um canal de comunicação, com ajuda de profissionais que assistem esta família.
As possibilidades da criança aprender são ínfimas e novos repertórios podem se criar.É na relação que a criança pode melhorar,ampliar o que já sabe por isso nunca se usa rótulos: só podia ser tu!
Precisamos estar prontos a ousar e ter clareza que somos os incentivadores desses novos repertórios e aí poderá surgir ,ou até mesmo, persistir em quem já tenha o gosto pelos conhecimentos, do prazer em conviver em grupo, de ter amigos, de respeitar e ser respeitado.Somos incentivadores, limitadores e educadores desta infância. É preciso conviver com respeito e ética frente a diversidade para dar exemplo,ser firme e ter prazer em estar junto para criar coisas bonitas.
A beleza presente na composição do ambiente associado ao prazer de estar em grupo trazem ludicidade e alegria ao bem viver.Por isso o entorno que nos cerca deve ser cuidado observando estética, simetria, ergonomia, funcionalidade e sensação de bem estar aliadas a um planejamento técnico incentivando interações com linguagens do conhecimento e pesquisa e diversas possibilidades do brincar.
Assim,organizar espaços,delimitar tempos,pesquisar,contar histórias,interagir com falas e reuniões breves, mas, principalmente ouvir e respeitar o repertório que cada criança traz propiciará a criação de novos repertórios na sala de aula, a posssibilidade de se sentir contemplado num grupo e saber que aquilo que eu faço é olhado e valorizado e eu posso seguir em frente... "olha prof..."Eu pensei...Vira aquilo né?" Os rituais de Cumprimentos a todos independente de afinidades ensina as crianças que todos têm espaço de afeto,de proteção quando precisarem de colo seja por carência, desentendimentos ou por mero carinho.
Acompanhar as infâncias! Ah,é preciso ser profissional da infância!E é na qualidade da relação e do empenho técnico e afetivo que planejar estudar,brincar, rir,chorar,minimizam o cansaço e as rotinas com prazer e alegria,num ambiente amistoso e querido, num local onde todos são acolhidos e aprendem!"
Carla Ramazini Professora e Pesquisadora da Infância Especializada em Educação Infantil UFRGS POA
Repertórios são a bagagem emocional, cognitiva e neuronal que cada criança demonstra nas suas falas,birras,brigas, gestos,respostas,produções e brincadeiras.E, como nos ensina Wallon o desenvolvimento não é linear,
é descontínuo e novas estruturas podem estarem sendo elaboradas internamente a partir de regressões, avanços, tudo é o processo de desen- volvimento. A criança é essa complexidade e a sua infância faz parte de um contexto psicológico,cultural e social onde ela está inserida.Suas ações advém deste contexto,por isso que a sala de aula é rica de possibilidades porque podemos criar nela um ambiente baseado em regras justas,encantador e desafiador para um grupo de crianças,ensina-se posturas de respeito e ética frente às situações e dá-se suporte para criança funcionar assim, é autorizar às crianças proclamar-se seus gostos, conhecimentos,medos, seus sentimentos.
É na relação que o ser humano aprende e amplia seus repertórios como nos diz Vigotsky, a riqueza das interações depende do ambiente e do que está sendo vivido, por isso planejar para crianças sempre têm que envolver registros que eles participem,desenhem,componham juntos. Os adultos que assistem as crianças devem ouvir: Olha o que eu sei da vida até agora é isso,mas posso aprender mais!É claro que alguns casos precisarão de acompanhamentos, seja da fonoaudiologia,psicologia,psiquiatria,mas a riqueza das interações em sala favorece muito o processo de cura e desaparecimento de sintomas que não são comprometedores.Assim como uma relação próxima a essas famílias,favorece a qualidade dos vínculos, reuniões com o serviço de pedagogia da Escola ao invés de continuadas queixas são posturas essenciais.
É claro que alguma família precisará de uma ajuda terapeutica para assumir determinadas posturas com a criança, porém essa proximidade com a Escola estabelece um canal de comunicação, com ajuda de profissionais que assistem esta família.
As possibilidades da criança aprender são ínfimas e novos repertórios podem se criar.É na relação que a criança pode melhorar,ampliar o que já sabe por isso nunca se usa rótulos: só podia ser tu!
Precisamos estar prontos a ousar e ter clareza que somos os incentivadores desses novos repertórios e aí poderá surgir ,ou até mesmo, persistir em quem já tenha o gosto pelos conhecimentos, do prazer em conviver em grupo, de ter amigos, de respeitar e ser respeitado.Somos incentivadores, limitadores e educadores desta infância. É preciso conviver com respeito e ética frente a diversidade para dar exemplo,ser firme e ter prazer em estar junto para criar coisas bonitas.
A beleza presente na composição do ambiente associado ao prazer de estar em grupo trazem ludicidade e alegria ao bem viver.Por isso o entorno que nos cerca deve ser cuidado observando estética, simetria, ergonomia, funcionalidade e sensação de bem estar aliadas a um planejamento técnico incentivando interações com linguagens do conhecimento e pesquisa e diversas possibilidades do brincar.
Assim,organizar espaços,delimitar tempos,pesquisar,contar histórias,interagir com falas e reuniões breves, mas, principalmente ouvir e respeitar o repertório que cada criança traz propiciará a criação de novos repertórios na sala de aula, a posssibilidade de se sentir contemplado num grupo e saber que aquilo que eu faço é olhado e valorizado e eu posso seguir em frente... "olha prof..."Eu pensei...Vira aquilo né?" Os rituais de Cumprimentos a todos independente de afinidades ensina as crianças que todos têm espaço de afeto,de proteção quando precisarem de colo seja por carência, desentendimentos ou por mero carinho.
Acompanhar as infâncias! Ah,é preciso ser profissional da infância!E é na qualidade da relação e do empenho técnico e afetivo que planejar estudar,brincar, rir,chorar,minimizam o cansaço e as rotinas com prazer e alegria,num ambiente amistoso e querido, num local onde todos são acolhidos e aprendem!"
Carla Ramazini Professora e Pesquisadora da Infância Especializada em Educação Infantil UFRGS POA
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