quarta-feira, 22 de julho de 2009

Cenas Infantis SANDRA GUINLE artista plástica

O Projeto


"Cenas Infantis" tem como objetivo resgatar a criança que cada um traz dentro de si e aproximar a infância singela e livre que tive, da infância dos dias de hoje, onde as crianças recebem uma enorme carga de informações nem sempre positivas, encurtando a fase mais iluminada de nossas vidas, Cenas Infantis fala de uma saudade que não é só minha, mas sim de cada um que passa e se emociona ao ver retratado em cada obra um pouco de sua própria estória. Ao lado de minha arte, converso com o espectador, trocamos emoções e resgatamos valores."


Palavras da artista


"Nasci no interior de S.Paulo em uma cidadezinha chamada Monte Mór onde na terra vermelha que desconhecia asfalto, desenhei minhas primeiras amarelinhas.Na beira dos riachos acompanhava minha mãe e outras mães que lavando roupas, entoavam cantigas que tenho ainda frescas em minha memória. Ali, meu primeiro contato com o barro.

Cresci assim, menina livre, arteira e artista, sempre acreditando no dom que o Criador havia me emprestado... sempre tentando através da arte passar uma mensagem capaz de alcançar o coração do homem.

Sei bem de minhas recordações de quando criança; tardes fagueiras trepando em frondosas árvores, saboreando a fruta no tempo certo na companhia do menino que astro de seu quintal, rodava o pião em manhãs ensolaradas e vida aberta em risos... fico a me perguntar quais serão as recordações das nossas crianças daqui a alguns anos... Horas em frente a um computador, passeios em shopping, jogos de vídeo-game, namoro pela Internet, aula de ballet, inglês, francês... com tantos compromissos assim fica difícil sobrar um tempo para ser criança.


Em “Cenas Infantis” procuro despertar os profissionais na área da educação, os arte-educadores, assim como as escolas onde nossos filhos passam a maior parte do tempo, para a necessidade de se criar uma disciplina voltada á cultura popular brasileira contemplando o resgate dos jogos populares que, antigamente, eram jogados sem a competitividade imposta aos de hoje em dia.Resgatar as doces cirandas, cantigas de roda, a amarelinha ainda desenhada no chão e tantas outras brincadeiras que pouco a pouco vem sendo engolidas pela tecnologia avassaladora e encurtando ainda mais a fase mais iluminada de nossas vidas.

'Cenas Infantis' é com certeza um manifesto á infância. "

Sandra Guinle

Letramento

Magda Becker Soares

Letrar é mais que alfabetizar,é ensinar a ler e escrever dentro de um contexto onde a escrita e a leitura tenham sentido e façam parte da vida do aluno. Magda Becker Soares, professora titular da Faculdade de Educação da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e doutora em educação, explica que ao olharmos historicamente para as últimas décadas, poderemos observar que o termo alfabetização, sempre entendido de uma forma restrita como aprendizagem do sistema da escrita, foi ampliado. Já não basta aprender a ler e escrever, é necessário mais que isso para ir além da alfabetização funcional (denominação dada às pessoas que foram alfabetizadas, mas não sabem fazer uso da leitura e da escrita). O sentido ampliado da alfabetização, o letramento, de acordo com Magda, designa práticas de leitura e escrita. A entrada da pessoa no mundo da escrita se dá pela aprendizagem de toda a complexa tecnologia envolvida no aprendizado do ato de ler e escrever. Além disso, o aluno precisa saber fazer uso e envolver-se nas atividades de leitura e escrita. Ou seja, para entrar nesse universo do letramento, ele precisa apropriar-se do hábito de buscar um jornal para ler, de freqüentar revistarias, livrarias, e com esse convívio efetivo com a leitura,apropriar-se do sistema de escrita. Afinal, a professora defende que, para a adaptação adequada ao ato de er e escrever, “é preciso compreender, inserirse, avaliar, apreciar a escrita e a leitura”. O letramento compreende tanto a apropriação das técnicas para a alfabetização quanto esse aspecto de convívio e hábito de utilização da leitura e da escrita.

Publicado no jornal Diário do Grande ABC em 29 de agosto de 2003